sábado, 2 de junho de 2007

Regime-Cadáver

Pro almoço
Peço um cadáver bem passado.
Pra janta um cadáver de pele clara, sem nervos, frito.
Tô de regime?
Peço uma saladinha com pedacinhos de cadáver,
sem exageros.
As almas mal passadas que eu engulo,
me encheram demais.


Parei num lugar que não é meu lar.
Um lugar de paredes verde-bebe, com lençóis combinando.
Chinelos quentinhos e camisola branca.
Me comparo hoje com os bixos que irão me comer em menos de um mês.
Mais uma vez o ciclo se repete. De cadáver à cadáver.
Os cadáveres. Meus e teus.
Um pedaço de sentimento picado no teu prato.

Com açúcar, com afeto.

Minha foto
Foz do Iguaçu, PR, Brazil
O que há em mim é sobretudo cansaço - Não disto nem daquilo, Nem sequer de tudo ou de nada: Cansaço assim mesmo, ele mesmo, Cansaço. A sutileza das sensações inúteis, As paixões violentas por coisa nenhuma, Os amores intensos por o suposto alguém, Essas coisas todas - Essas e o que falta nelas eternamente -; Tudo isso faz um cansaço, Este cansaço, Cansaço. Há sem dúvida quem ame o infinito, Há sem dúvida quem deseje o impossível, Há sem dúvida quem não queira nada - Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles: Porque eu amo infinitamente o finito, Porque eu desejo impossivelmente o possível, Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, Ou até se não puder ser... E o resultado? Para eles a vida vivida ou sonhada, Para eles o sonho sonhado ou vivido, Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto... Para mim só um grande, um profundo, E, ah com que felicidade infecundo, cansaço, Um supremíssimo cansaço, Íssimo, íssimo, íssimo, Cansaço... Fernando Pessoa

Fiz seu doce predileto.