Um dia qualquer de verão a água do mar cobria meus pés
e quanto mais eu andava ela se aproximava do meu joelho, claro.
Parei para observar a linda visão incomum em minha vida de estudante urbano,
logo ouvi alguém gritar "ei, ei! você ai? poxa vida! me responde!"
olhei em volta, ninguém tão próximo que eu pudesse estar ouvindo com tanta perfeição.
Achei meio estranho mas mesmo assim resolvi me sentar ali,
aproveitar o sol de final de tarde de verão e a praia sozinha. Me sentei na areia molhada que agora a água salgada cobria quase todo meu peito e
então ouvi um grito agudo com uma voz diferente das que ouvimos por ai em televisões ou no trabalho.
Aquela voz me lembrava alguém querido e de novo ela dizia "eiiiiii! você ai?!".
Olhei para os lados novamente e nada,
ninguém que pudesse estar falando comigo naquele momento.
Descansei a cabeça depois de vira-la muito rapido varias vezes para o lado a procura da voz e então vi um peixinho bem próximo de meus pés.
O peixe dava voltas e voltas em volta da minha perna e eu fiquei observando-o por algum tempo.
Ouvi de novo o grito e tive a certeza de que era aquele pequeno peixe colorido que gritava comigo, achei que estava louca.
Olhei em volta e ninguém de novo.
Tive certeza quando olhei de novo e percebi que olhava para meus pés e gritava:
"Poxa vida, eu não entendo. Porque não me responde?
Sempre vejo muitos de vocês por ai, ainda mais nessa época do ano.
Sempre acompanhados de suas esposas. Além do mais também tenho o costume de cumprimentar as pessoas assim como todos os outros que conheço que vivem por aqui. Até os mais violentos me cumprimentam. Mas você nem violento é, tem 5 cabeças pra pensar e não sabe nem dizer um olá? Não aguento mais!" e vi aquele pequeno bixinho se afastar.
sexta-feira, 1 de junho de 2007
Na Caixinha
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Com açúcar, com afeto.
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- O que há em mim é sobretudo cansaço - Não disto nem daquilo, Nem sequer de tudo ou de nada: Cansaço assim mesmo, ele mesmo, Cansaço. A sutileza das sensações inúteis, As paixões violentas por coisa nenhuma, Os amores intensos por o suposto alguém, Essas coisas todas - Essas e o que falta nelas eternamente -; Tudo isso faz um cansaço, Este cansaço, Cansaço. Há sem dúvida quem ame o infinito, Há sem dúvida quem deseje o impossível, Há sem dúvida quem não queira nada - Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles: Porque eu amo infinitamente o finito, Porque eu desejo impossivelmente o possível, Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, Ou até se não puder ser... E o resultado? Para eles a vida vivida ou sonhada, Para eles o sonho sonhado ou vivido, Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto... Para mim só um grande, um profundo, E, ah com que felicidade infecundo, cansaço, Um supremíssimo cansaço, Íssimo, íssimo, íssimo, Cansaço... Fernando Pessoa
Fiz seu doce predileto.