quinta-feira, 3 de maio de 2007
De Novo o Velho
Desejo da doença, precisando do remédio com aquele mesmo gosto.
E com o gosto do sangue, o cheiro do café,
a pele enrugada depois da chuva.
Com a música que dança,
a roupa que não veste, o desejo insaciável,
e com as borboletas dando piruetas em meu estômago.
Assim amanhecendo o dia com o teu sorriso, tão meu.
Vem e me rasgam, me cantam e me arrastam...
Que eu vou e te guardo, te vivo e te busco.
No escuro vejo meu caminho sendo traçado torto
até ai em olhos ricos de beleza triste.
Juntando migalhas pobres de amor, novamente eu vou.
"Rapidamente como a armadilha para ratos O tempo desesperou a vítima. O dia perdeu-se na noite, Mas a noite não se perde no dia. Por que será?"
Com açúcar, com afeto.
- Likely Lads
- Foz do Iguaçu, PR, Brazil
- O que há em mim é sobretudo cansaço - Não disto nem daquilo, Nem sequer de tudo ou de nada: Cansaço assim mesmo, ele mesmo, Cansaço. A sutileza das sensações inúteis, As paixões violentas por coisa nenhuma, Os amores intensos por o suposto alguém, Essas coisas todas - Essas e o que falta nelas eternamente -; Tudo isso faz um cansaço, Este cansaço, Cansaço. Há sem dúvida quem ame o infinito, Há sem dúvida quem deseje o impossível, Há sem dúvida quem não queira nada - Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles: Porque eu amo infinitamente o finito, Porque eu desejo impossivelmente o possível, Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, Ou até se não puder ser... E o resultado? Para eles a vida vivida ou sonhada, Para eles o sonho sonhado ou vivido, Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto... Para mim só um grande, um profundo, E, ah com que felicidade infecundo, cansaço, Um supremíssimo cansaço, Íssimo, íssimo, íssimo, Cansaço... Fernando Pessoa
Fiz seu doce predileto.