domingo, 18 de janeiro de 2009

Nenhum Pedaço

Eu posso acordar sem te ver
Dizer que o melhor homem
Escreveu tantas músicas para mim
A panela ferveu a água quase vazia
O prato era o único
Minhas mãos soltas num caminhar
Sem medo de te encontrar
Sem como encontrá-las
Sem pedidos para que as acompanhem
Cantarolando alto como não poderia fazer
"...quantos homens me amaram
bem mais e melhor que você"
Ir pro mesmo salão
Onde as cordas de qualquer violão
Me deixam cantar e dançar
Até mais tarde com a conta cheia
Sempre sem a mesma volta
Eu fui deitar sem te ter

Com açúcar, com afeto.

Minha foto
Foz do Iguaçu, PR, Brazil
O que há em mim é sobretudo cansaço - Não disto nem daquilo, Nem sequer de tudo ou de nada: Cansaço assim mesmo, ele mesmo, Cansaço. A sutileza das sensações inúteis, As paixões violentas por coisa nenhuma, Os amores intensos por o suposto alguém, Essas coisas todas - Essas e o que falta nelas eternamente -; Tudo isso faz um cansaço, Este cansaço, Cansaço. Há sem dúvida quem ame o infinito, Há sem dúvida quem deseje o impossível, Há sem dúvida quem não queira nada - Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles: Porque eu amo infinitamente o finito, Porque eu desejo impossivelmente o possível, Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, Ou até se não puder ser... E o resultado? Para eles a vida vivida ou sonhada, Para eles o sonho sonhado ou vivido, Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto... Para mim só um grande, um profundo, E, ah com que felicidade infecundo, cansaço, Um supremíssimo cansaço, Íssimo, íssimo, íssimo, Cansaço... Fernando Pessoa

Fiz seu doce predileto.