terça-feira, 15 de janeiro de 2008

muito é muito pouco.

- você consegue distrair suas dores?
- o que você veio fazer aqui?
- queria te fazer uma surpresa
- você não é uma surpresa a anos
- parece mais forte do que a última vez que a visitei. bom, isso quer dizer que finalmente posso te levar a um lugar que te fará bem.
- não vou. não confio em você
- você me ama.
- acho que não. você me ama?
- ah, muito.
- então vamos. só vou porque me cansei de ficar aqui e sei que vai insistir
fomos, andamos, conversamos, dançamos na rua, e a fiz sorrir. de repente cansada perguntou onde iamos e porque nunca chegavamos. respondi:
- já chegamos a horas, meu amor. quer voltar descansar agora?

Com açúcar, com afeto.

Minha foto
Foz do Iguaçu, PR, Brazil
O que há em mim é sobretudo cansaço - Não disto nem daquilo, Nem sequer de tudo ou de nada: Cansaço assim mesmo, ele mesmo, Cansaço. A sutileza das sensações inúteis, As paixões violentas por coisa nenhuma, Os amores intensos por o suposto alguém, Essas coisas todas - Essas e o que falta nelas eternamente -; Tudo isso faz um cansaço, Este cansaço, Cansaço. Há sem dúvida quem ame o infinito, Há sem dúvida quem deseje o impossível, Há sem dúvida quem não queira nada - Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles: Porque eu amo infinitamente o finito, Porque eu desejo impossivelmente o possível, Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, Ou até se não puder ser... E o resultado? Para eles a vida vivida ou sonhada, Para eles o sonho sonhado ou vivido, Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto... Para mim só um grande, um profundo, E, ah com que felicidade infecundo, cansaço, Um supremíssimo cansaço, Íssimo, íssimo, íssimo, Cansaço... Fernando Pessoa

Fiz seu doce predileto.