domingo, 23 de março de 2008

muito mais.

trevas vieram comemorar
sairam do esconderijo prum lugar menos calar
será que assim tudo vai mudar?
eu vejo cegos cheirarem esses podres poderes
eu falo dos mudos que calam por mim, por nós
eu ouço burgueses parados tentando solucionar
eu toco a sede de maneiras pobres pra sobreviver
aos seus olhos tão indecentes tocados mil vezes
indecências fedem, gritam, te assustam de novo
e o acostumar nunca vai chegar
será que assim tudo vai mudar?
a surdez que incomoda mas pode salvar
intocáveis deuses modernos
criados criadores criando ordens
linda teoria, matar, orar, chorar
pecados geniais pro nosso seguro inseguro
protege quem vai, faz o resto chorar, morar
esse mundo vadio que nada pode dar
vou sentir sua alma aparecer e crescer

Com açúcar, com afeto.

Minha foto
Foz do Iguaçu, PR, Brazil
O que há em mim é sobretudo cansaço - Não disto nem daquilo, Nem sequer de tudo ou de nada: Cansaço assim mesmo, ele mesmo, Cansaço. A sutileza das sensações inúteis, As paixões violentas por coisa nenhuma, Os amores intensos por o suposto alguém, Essas coisas todas - Essas e o que falta nelas eternamente -; Tudo isso faz um cansaço, Este cansaço, Cansaço. Há sem dúvida quem ame o infinito, Há sem dúvida quem deseje o impossível, Há sem dúvida quem não queira nada - Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles: Porque eu amo infinitamente o finito, Porque eu desejo impossivelmente o possível, Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, Ou até se não puder ser... E o resultado? Para eles a vida vivida ou sonhada, Para eles o sonho sonhado ou vivido, Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto... Para mim só um grande, um profundo, E, ah com que felicidade infecundo, cansaço, Um supremíssimo cansaço, Íssimo, íssimo, íssimo, Cansaço... Fernando Pessoa

Fiz seu doce predileto.