terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Saudade

Tudo continua onde foi deixado. É estranho andar pelos antigos caminhos.Bom tocar aquela campainha duas vezes seguidas como exclamando um "sou eu! venham abrir a porta" e receber um baita abraço e várias palavras curiosas. O frio abençoado daquela cidade que grita saudade, faz pensar de novo "se eu morasse aqui jamais seria sedentária". O que já foi provado que é pura ilusão mas agrada mais, mesmo assim. Parece bem melhor quando não é mais nosso. Foi exatamente isso que me passou pela cabeça cinco meses atrás quando resolvi voltar pra merda do lugar que futuramente por ironia do destino me traria novamente dores bem maiores. Parece acolhedor mas no fim das contas é simplesmente porque ninguém fica satisfeito. É difícil continuar sonhando mas é gostoso reviver algumas coisinhas. Assim tem mais sabor. Ir ao shopping e ficar horinhas conversando sobre nada porque alguma coisa deu errada antes de entrar na sala de cinema. Parece tão comum mas hoje só parece porque não foi, tinha um gosto especial, quase romântico.

Com açúcar, com afeto.

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Foz do Iguaçu, PR, Brazil
O que há em mim é sobretudo cansaço - Não disto nem daquilo, Nem sequer de tudo ou de nada: Cansaço assim mesmo, ele mesmo, Cansaço. A sutileza das sensações inúteis, As paixões violentas por coisa nenhuma, Os amores intensos por o suposto alguém, Essas coisas todas - Essas e o que falta nelas eternamente -; Tudo isso faz um cansaço, Este cansaço, Cansaço. Há sem dúvida quem ame o infinito, Há sem dúvida quem deseje o impossível, Há sem dúvida quem não queira nada - Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles: Porque eu amo infinitamente o finito, Porque eu desejo impossivelmente o possível, Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, Ou até se não puder ser... E o resultado? Para eles a vida vivida ou sonhada, Para eles o sonho sonhado ou vivido, Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto... Para mim só um grande, um profundo, E, ah com que felicidade infecundo, cansaço, Um supremíssimo cansaço, Íssimo, íssimo, íssimo, Cansaço... Fernando Pessoa

Fiz seu doce predileto.