domingo, 29 de junho de 2008

Tomou o Lugar

Agora não sinto a pena que atravessava sua pele me machucar
Eu já não vou mais me arrepender, não foram erros
Foram eu e meus sentimentos entregues e expostos a ele
Que susto! A respeito de que? Meu eu
Não vou enganar ninguém, não vou deixar ninguém
Minhas lágrimas não tem mais seu nome
Nenhum outro, não há dor pra que exista
Não há amor
"Chego a mudar de calçada quando aparece uma flor"
É a falta de mimos, o excesso de solidão
Mas o que importa agora cá, é um tremulo foda-se
Que eu mando à você e aos outros
Porque tudo foi embora
Hoje eu sou apenas aquilo
Assim entregue aos meus fantasmas
Caminhando através da fumaça e dos meus poros
Sem me lembrar de nada
Abafando a voz que transformou em vida o que eu tinha aqui
Dentro acalentando meu peito cheio de mágoas
Que um dia uma das pedras que você atirou em direção a ele
Empurrou meu coração e tomou o seu lugar

Com açúcar, com afeto.

Minha foto
Foz do Iguaçu, PR, Brazil
O que há em mim é sobretudo cansaço - Não disto nem daquilo, Nem sequer de tudo ou de nada: Cansaço assim mesmo, ele mesmo, Cansaço. A sutileza das sensações inúteis, As paixões violentas por coisa nenhuma, Os amores intensos por o suposto alguém, Essas coisas todas - Essas e o que falta nelas eternamente -; Tudo isso faz um cansaço, Este cansaço, Cansaço. Há sem dúvida quem ame o infinito, Há sem dúvida quem deseje o impossível, Há sem dúvida quem não queira nada - Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles: Porque eu amo infinitamente o finito, Porque eu desejo impossivelmente o possível, Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, Ou até se não puder ser... E o resultado? Para eles a vida vivida ou sonhada, Para eles o sonho sonhado ou vivido, Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto... Para mim só um grande, um profundo, E, ah com que felicidade infecundo, cansaço, Um supremíssimo cansaço, Íssimo, íssimo, íssimo, Cansaço... Fernando Pessoa

Fiz seu doce predileto.