segunda-feira, 23 de junho de 2008

Sem Voz

foram os passos de pés lógicos
que te fizeram tropeçar num longo período de razão

são os buracos que você caiu que provavelmente te façam ver
que nem tudo é tão obvio quanto você grita

minha mão mesmo que chore os seus erros, meu erro
foi te segurar, mas antes do alcance você já pertencia ao vácuo
das mentiras que o inimigo criou

meu coração lá de cima implorou que pulasse
porque juramos o eterno
os pés de passos lógicos não deixou

e você morreu sem mim
estive de luto mas agora sento em praças
pra cantar meu desabrigo aos que prestigiam uma farsa

eu sou aquilo que você criou, inimigo
sem o alimento de meu peito hoje vazio
eu sou o óbvio e o que criarem pra mim

eu sou a farsa do que eu sou
eu não tenho voz
estou viva sem viver

Com açúcar, com afeto.

Minha foto
Foz do Iguaçu, PR, Brazil
O que há em mim é sobretudo cansaço - Não disto nem daquilo, Nem sequer de tudo ou de nada: Cansaço assim mesmo, ele mesmo, Cansaço. A sutileza das sensações inúteis, As paixões violentas por coisa nenhuma, Os amores intensos por o suposto alguém, Essas coisas todas - Essas e o que falta nelas eternamente -; Tudo isso faz um cansaço, Este cansaço, Cansaço. Há sem dúvida quem ame o infinito, Há sem dúvida quem deseje o impossível, Há sem dúvida quem não queira nada - Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles: Porque eu amo infinitamente o finito, Porque eu desejo impossivelmente o possível, Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, Ou até se não puder ser... E o resultado? Para eles a vida vivida ou sonhada, Para eles o sonho sonhado ou vivido, Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto... Para mim só um grande, um profundo, E, ah com que felicidade infecundo, cansaço, Um supremíssimo cansaço, Íssimo, íssimo, íssimo, Cansaço... Fernando Pessoa

Fiz seu doce predileto.