quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Ele é Dom Casmurro

Para meu amor que desistiu de entrar agora pouco.



É mais complicado mudar uma história que está escrita. Sempre acontece de inventarem milhares de versões. Um clássico. Uma garota romântica demais para o mundo depois de 100 anos passados. Uma história quase lá mas que talvez poderá dessa vez ser escrita por aquela que passou por todos os pesares de seu grande amor, digamos, acreditar que é um corno, como em Dom Casmurro.

Eu hoje adoraria dizer que o fiz. Seria mais satisfatório após saber que uma mentira pode destruir a alma da pessoa mais amável que se pôde conhecer. Seria melhor apenas por não perder o que amei tanto por algo que jamais aconteceu. Seria menos pior porque eu saberia, talvez assim, me calar pois seria merecedora de tal dor.

Conheço meus passos, sempre gritei meus porquês mas admiti meus erros e tive a sorte de poucas consequências. Sei bem do meu pouco tempo e a falta de experiência. Ainda nem posso passar para o país tão europeu que nasci ao lado. Dei sorte? Bom, faz 40 graus aqui. Posso reclamar tanto mas por um tempo (na vida de alguém de 17 anos, 4 meses sempre parece ser alguma coisa) agradeci por ter nascido aqui. Foi quando nos conhecemos como homem e mulher antes de ele começar com suas paranóias. É claro que seria um bom motivo para ter ciúmes, mas ele acabou com a minha "vida".

Na verdade nunca acreditei em Capitu. Acho que nenhum leitor teve a oportunidade de realmente ficar a favor dela enquanto lia a história, ou mesmo depois. Pois é, há cem anos essa mulher poderia ser apenas o fruto de uma imaginação de "gênio" brasileiro, assim como poderia ter sido uma desgraçada, ou apenas uma mulher como eu. Nem sou uma mulher mas isso não importa tanto assim nesse ponto da conversa.

Me apaguei muito a alguns talvezes para explicar o porque da minha insistência. Eu gostaria de morrer junto a ele, pra que quando ele estivesse chegando ao céu, e visse o filminho da vida dele, eu visse a cara dele ao descobrir que um dia se enganou com uma coisa que fez tudo se tornar um inferno. Se fosse antes seria até melhor, sabe? Pra que ele deixasse de sofrer, se arrependesse do que fez e voltassemos a sorrir juntos antes de chegarmos às nuvens. Ou talvez apenas porque meu ego tenha sido ferido brutalmente.

Posso cantar "tive sim outro grande amor antes do teu, tive sim" de mais um gênio brasileiro (esse sem aspas porque acredito), para que ele ouça repetidamente a verdade. Que a minha verdade é que ele ainda é a pessoa (infelizmente) que eu gostaria que acreditasse em mim, botasse uma fé, sabe como? Sei que me amou tanto que seria assim impossível ter deixado de sentir tão cedo. Agora sofremos os dois de saudades para deixar um sofrimento mentiroso não fingir que existe. Ela que faz a explosão de sentimentos deliciosos e medrosos de quando estamos juntos agora me sufoca mas eu sonho que seu orgulho seja menor e a qualquer hora o telefone toque.

(continua... talvez)

Com açúcar, com afeto.

Minha foto
Foz do Iguaçu, PR, Brazil
O que há em mim é sobretudo cansaço - Não disto nem daquilo, Nem sequer de tudo ou de nada: Cansaço assim mesmo, ele mesmo, Cansaço. A sutileza das sensações inúteis, As paixões violentas por coisa nenhuma, Os amores intensos por o suposto alguém, Essas coisas todas - Essas e o que falta nelas eternamente -; Tudo isso faz um cansaço, Este cansaço, Cansaço. Há sem dúvida quem ame o infinito, Há sem dúvida quem deseje o impossível, Há sem dúvida quem não queira nada - Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles: Porque eu amo infinitamente o finito, Porque eu desejo impossivelmente o possível, Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, Ou até se não puder ser... E o resultado? Para eles a vida vivida ou sonhada, Para eles o sonho sonhado ou vivido, Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto... Para mim só um grande, um profundo, E, ah com que felicidade infecundo, cansaço, Um supremíssimo cansaço, Íssimo, íssimo, íssimo, Cansaço... Fernando Pessoa

Fiz seu doce predileto.